Localizada a 30 km do Plano Piloto, Gama se destaca como uma das regiões administrativas mais organizadas do Distrito Federal, com seus 276,05 km² abrigando uma população de 134.136 habitantes. Fundada em 12 de outubro de 1960, a cidade foi projetada com um traçado urbano em formato de colmeia, dividida em cinco setores distintos, cada um com funções específicas. Esse planejamento inicial, desenvolvido pelo arquiteto Paulo Hungria, ainda hoje orienta o crescimento da região, que possui um IDH de 0,815, considerado alto para os padrões do DF.
A origem do nome Gama remonta ao século XVIII, quando o padre Luís da Gama Mendonça chegou à região, então conhecida como Santa Luzia. As terras que hoje compõem a região administrativa pertenciam originalmente a quatro grandes fazendas – Ipê, Alagado da Suzana, Ponte Alta e Gama – desapropriadas durante a construção de Brasília. Curiosamente, a sede da Fazenda Gama ficava próximo ao local onde seria construído o Catetinho, primeira residência oficial de Juscelino Kubitschek na nova capital.
Do ponto de vista geográfico, Gama apresenta um relevo predominantemente plano e suavemente ondulado, com destaque para o Vale do Tamanduá. A vegetação típica do Cerrado cobre a maior parte do território, incluindo áreas de preservação ambiental como o Parque Recreativo de Gama, conhecido como Prainha, que abriga espécies como lobos-guará e lontras. O clima segue o padrão do Distrito Federal, com estações bem definidas – uma seca (maio a setembro) e outra chuvosa (outubro a abril).
A estrutura urbana de Gama mantém a divisão original em setores, mas com adaptações ao longo dos anos. O Setor Central concentra o comércio mais movimentado, enquanto os Setores Norte e Sul abrigam as áreas mais nobres, com lotes maiores. O Setor Leste combina residências com atividades industriais, e o Setor Oeste possui características predominantemente residenciais. Recentemente, novas áreas como Ponte Alta Norte e Sul foram incorporadas ao tecido urbano.
Economicamente, Gama se destaca como polo comercial para a região, atraindo consumidores não apenas do DF mas também de cidades goianas vizinhas. O setor de serviços responde por 68,6% da atividade econômica, seguido pelo comércio (25%) e indústria (5,1%). A renda média mensal de R$ 2.644,96 (2021) reflete uma população predominantemente de classe média baixa, com muitos trabalhadores no funcionalismo público.
No campo educacional, Gama oferece opções tanto no ensino básico quanto superior, incluindo um campus da Universidade de Brasília especializado em cursos de Engenharia. O esporte também tem lugar de destaque, com o Estádio Bezerrão servindo como palco para jogos da Sociedade Esportiva do Gama e até mesmo para partidas da Seleção Brasileira.
Apesar do planejamento inicial, Gama enfrenta desafios típicos das cidades em crescimento, como a necessidade de melhorias no transporte público – atualmente baseado em ônibus e um sistema de BRT. A migração de moradores de outras regiões e do Entorno continua pressionando a infraestrutura existente, mesmo com a verticalização recente em algumas áreas.
Com sua combinação única de história, planejamento urbano e vitalidade econômica, Gama representa um caso interessante no Distrito Federal – uma cidade satélite que conseguiu manter sua identidade própria enquanto se integra à dinâmica da capital federal. Seu desenvolvimento continua sendo um exemplo de como o crescimento urbano pode ser orientado por diretrizes claras, mesmo diante das pressões demográficas e econômicas típicas da região.
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